Duas ideias sobre por que não se deve divulgar o suicídio
Numa imagem, penso que o suicídio equivale a uma granada a explodir entre todos. Os estilhaços atingem um raio imenso e com diferente intensidade todos aqueles que conhecem a pessoa que a detona.
Actualmente, realidade que não pode ser contabilizada não existe, mas não vou partilhar os números conhecidos em Portugal no que ao suicídio diz respeito. Partilho antes a ideia que persiste na literatura desde a década de 90 de que estes números não correspondem necessariamente à realidade, dado que por vezes para poupar famílias e amigos, os óbitos não são declarados como suicídios.
E assim vos deixo a primeira razão pela qual não se deve divulgar um suicídio: respeito pela privacidade, pela perda das famílias e dos amigos.
A segunda ideia diz respeito ao facto do suicídio não ser exclusivo dos quadros de depressão, pelo que a diversidade da sua sintomatologia é bastante complexa. Aquilo que os estudos nos dizem, é que existe muitas vezes um efeito mimético e, nos dias a seguir a um suicídio, quando este é conhecido, há tendência a algumas pessoas poderem mimetizá-lo e tentarem suicidar-se também. “Copycat suicide” ou “efeito Werther”, são alguns dos termos que pode procurar na literatura se lhe interessar saber mais sobre como se dá este contágio.
Não defendo o silêncio. Antes pelo contrário: devemos informar-nos, debater e investigar este assunto em toda a sua extensão e pertinência, mas no que diz respeito à mediatização destes acontecimentos, existem recomendações definidas pela Organização Mundial de Saúde para os profissionais de Comunicação.
E por eles, por nós, pelos nossos devem ser seguidas, pois falamos de um problema de saúde pública.
Sabe a que sinais devemos estar atentos?
Faz-lhe sentido que escreva aqui sobre isso?