Sara Carvalhal

  • INÍCIO
  • PSICÓLOGA
  • Psicoterapia
  • Blog
  • Galeria
    • Exposições Permanentes
  • Contactos
  • FAQ
29 Jun 2021
A Psicologia e os Livros

Onde está a felicidade?

“Onde está a felicidade? Ninguém sabe onde ela pára ou onde se pode encontrar. Há quem diga que não está em nenhum lugar e que simplesmente acontece. E, no entanto, em algum sítio há-de estar, não lhes parece? Certo é que, às vezes, está tão perto, tão à vista, que nos passa despercebida e, outras vezes, tão distante, tão escondida nesse tal lugar, que uma vida não chega para lá chegar.

Esta é a história do Senhor Pascoal, que vivia desde menino numa aldeia pequenina, à beira-mar. Era um belo sítio para se morar, já se vê, e ele sentia-se bem, mas faltava-lhe qualquer coisa, não sabia o quê. E essa qualquer coisa, achava ele, era a felicidade.

Fez então as malas e saiu à procura dela. Foi de aldeia em aldeia, de vila em vila, de cidade em cidade, e encontrou tudo o que procurava, tudo menos a felicidade

Decidiu então partir para mais longe. E foi assim que deu várias voltas ao mundo e conheceu cada recanto de tudo o que já existia sobre a Terra, dos bosques da Noruega às montanhas do Japão. E viu coisas de pasmar, a felicidade é que não.

Mesmo assim, continuou a procurá-la, viajando sem parar, sim, porque em algum sitio ela havia de estar.

E estaria? Já vamos saber. O tempo, como sabem, passa a correr e, um dia, o Senhor Pascoal percebeu que estava a envelhecer. Tinha os cabelos brancos, as pernas fracas, os ossos doridos, a vista cansada. Andara muito nesse dia e parou em frente de uma velha casa abandonada. Os vidros das janelas estavam partidos, a poeira invadira quartos e salas, o mato cobria o jardim.

Ele olhou para aquilo e pensou assim: “Nesta casa desprezada e sem dono, vou construir a minha felicidade”.

E consertou o telhado, pôs vidros nas janelas, pintou as paredes, cuidou do jardim.

– Agora sim – disse ele por fim. – Aqui está um bom sítio para se morar.

Sentou-se então num sofá da sala, em frente à lareira, a descansar.

“Que bem eu me sinto”, disse para si mesmo. E percebeu, então, que aquela estranha sensação de bem-estar era esse não sei quê que ele tanto procurara: a felicidade. Estava ali.

– Finalmente encontrei-a – gritou o Senhor Pascoal, muito entusiasmado.

Estava tão contente que se pôs aos saltos e veio para a rua festejar, esquecido já da sua idade. Reparou então que estava na aldeia de onde partira há muitos anos e que aquela casa era a sua própria casa, a mesma que ele abandonara para procurar a felicidade.”

Álvaro Magalhães, “100 histórias de Todo o Mundo”.

Nº Comentários
Partilhe

You May Also Like

Onde está a felicidade?

29 de Junho, 2021

Deixe um comentário. Cancela comentário

Previous Post
Onde está a felicidade?
Próximo Post
Um processo terapêutico dura quanto tempo?
Instagram post 18011118082423677 Instagram post 18011118082423677
Sábado à tarde. Sábado à tarde.
Sábado de manhã. Sábado de manhã.
O Expresso publicou um artigo sobre o Suicidio e o O Expresso publicou um artigo sobre o Suicidio e o facto de ser a 15a causa de morte no mundo. 

SABE O QUE FAZER QUANDO ALGUÉM NOS DIZ QUE QUER MORRER? 

"Às vezes apetecia-me desaparecer daqui", " Estou farto disto tudo", "Se morresse era um alívio", " Não ando aqui a fazer nada". Frases que soam como bombas, interpretadas como desabafos, chamadas de atenção ou alertas de grande perigo. 

Como saber quando valorizar? 

Sinalizando momentos mais difíceis, humores depressivos, quadros clínicos ou situações limite, quando alguém se exprime desta forma é sempre de valorizar. 

São frases que tocam a todos disparando o medo que nos mobiliza para agir - mesmo que às vezes não se saiba bem como-, que bloqueiam ou são de tal forma insuportáveis que parecem exageros do outro. 

São frases que muitas vezes se interpretam como um convite a colocar o olho no outro - e são! -, mas um convite que deveria vir acompanhado da questão "por que motivo está ele ou ela a dizer isto? ". Ninguém num momento feliz se exprime desta forma, seja qual for a razão subjacente. 

São frases que nem sempre são claramente expressas e quanto mais proferidas em surdina, maior o ruído que deveriam fazer. 

O suicídio é mais comum do que se possa pensar e quando surge esta dúvida, o que fazer perante uma situação destas os procedimentos são invariavelmente os mesmos e talvez pouco divulgados:

✏️Marcar consulta com um médico pedopsiquiatra ou psiquiatra de acordo com as idades; não tendo conhecimento de nenhum, fale com um médico de clínica geral e familiar ou da sua referência;

✏️ Numa situação limite, numa situação de tentativa de suicídio ou dificuldade em controlar esse impulso, recorrer ao hospital;

✏️ Fazer psicoterapia. 

Este é um assunto bem dificil de lidar e de pensar, por isso pergunto: há alguma questão em que possa ajudar?
44 graus à sombra.☀️ 44 graus à sombra.☀️
Carregue mais… Siga no Instagram

© 2022 SARA CARVALHAL | TODOS OS DIREITOS RESERVADOS