Onde anda o prazer?

Por estes dias, é difícil sair do concreto, desligar das noticias e da situação actual de pandemia. Por todo o lado encontramos sugestões e indicações de como deve organizar o seu dia, o da sua família e o seu trabalho. Facilmente estas boas intenções fazem uma pessoa oscilar entre sentir a boa vontade do outro – que será sem dúvida profundamente bem intencionada – e a prisão de seguir todas as indicações para ter a certeza de que os dias correm da melhor forma possível.

Que sufoco!

E tempo livre? Quem sugere? E o prazer?

Quando olhamos para todas as indicações que vão chegando de todos os lados, ocorre-me perguntar: o que lhe apetece fazer com elas?

Acredito que as rotinas criam segurança, que a vida não parou e que devemos organizar os nossos dias sabendo o que vamos fazer amanhã. Como lhe parece a melhor forma de organizar o dia a si? Que rotinas lhe fazem sentido a si? Que actividades lhe fazem sentido realizar com os seus filhos?

Não está de férias, mas são tempos excepcionais e de grande desafio emocional: o que faz ao tempo para si? Que tempo reserva para as actividades que lhe dão prazer? Para descansar? Para não fazer nada?

Vivemos uma situação única e de grande cuidado. Não é possível negar as dificuldades que virão nas próximas semanas no que à saúde diz respeito e, sem dúvida, o que se seguirá em termos económicos. Parece inquestionável que, para fazer face a tudo isto, teremos de estar bem, ter saúde física e mental. No que à saúde mental diz respeito, irei escrevendo por aqui, mas hoje parece-me importante sublinhar: não é menos humano se se rir, se por momentos esquecer – sem sair de casa! – que tudo isto está a acontecer do outro lado da porta e namorar, brincar com os seus filhos, ler, ver um filme ou não fazer nada.

Cuide de si, das suas pessoas e daquilo que o faz sentir bem.

Faz-lhe sentido?