Haviam sons dentro de mim que eu não ouvia.
Sons que habitam um tempo que já passou, mas um tempo de dignidade, que se vai actualizando.

Os jarros na fotografia crescem aqui desde que me lembro. Olho-os e penso na surpresa de os encontrar – ainda aqui estão! Sinto uma surpresa quase tão grande quanto aquela que percebi em mim quando os vi pela primeira vez. Pequena então, eram colhidos pela minha avó Alice em tempos do Roque Santeiro.

[Não sabe quem era o Roque Santeiro? Assim se perde uma piada]

Olhos-os com um sorriso e um calor no peito pelo reencontro, pela minha avó e pela minha inocência enquanto criança que aparece a espreitar.


Dizer que o confinamento nos toca a todos é de extrema simpatia.

A violência com que se expressou vem em silêncio, mas revelou-se um grito.

Tenho pensado que desde o tempo em que vi estes jarros pela primeira vez, a liberdade aumentou. Há lugar agora para pessoas, para famílias e desejos de vida diferentes.O lugar para a diferença sempre foi uma causa que me foi querida. Ao longo do meu percurso profissional conheci e cresci com pessoas de todos os países, culturas e ideias.

Por estes dias, o que grita dentro de mim é a ideia de dignidade e como todos devemos ser solidários para que a dignidade seja trendy durante e num tempo pós-pandemia.

Haviam sons dentro de mim que não ouvia. Agora oiço e o que me fazem ouvir é o tempo sem pressa, seguro e prazeiroso que conhecia antes de conhecer melhor a vida adulta e a falta de dignidade de muitas vidas. Oiço a confiança de que estou cá para que outros ouvidos, que não os meus, possam ouvir um sentimento equivalente em si e serem o mais felizes possíveis, nas vidas que construírem, repletas de dignidade.

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