Sara Carvalhal

Bem vindos à Galeria Inimigos Imaginários!

A fotografia entrou pela minha vida no meu primeiro ano de trabalho. Tinha saído da faculdade há pouco tempo e sentia que as minhas ferramentas não chegavam para o projecto em que estava a participar. Escrevi um e-mail à Prof.ª Dr.ª Madalena Alarcão e pedi-lhe que me recebesse na faculdade para conversar com ela sobre esta minha necessidade. Disponível e sempre de um apoio incrível, encaminhou-me para uma pilha de artigos científicos sobre metodologias. Entre eles, surgiu um sobre o Photovoice. De autoria de Wang and Burris (1997), tornou-se claro para mim que aquela metodologia servia na perfeição para o meu propósito. Do contacto que vos descrevo, nasceu a primeira intervenção em Portugal com esta metodologia, que se revelou uma ferramenta muito útil no meu trabalho ao longo dos anos.
 

Útil?

Quando falamos em adoecer em Saúde Mental, de uma forma simplista, falamos por vezes de situações de dor mental em que “A dor mental convoca silêncios, impressões, gestos corpóreos, coisas que estão lá não se sabe bem onde: às vezes percorrem o corpo sem se fixarem em sítio certo. às vezes embargam a voz e trazem apenas uma vaga emoção que tem a marca do estranho, do esquisito, do que não tem cara nem nome…” (Flemming, M. 2003).
 
Transformar o que se sente face as estas dores, é um desafio psicoterapêutico e, em algumas circunstâncias, nomeadamente no trabalho com grupos, a fotografia tem sido um recurso recorrente para a minha prática.
 
Nas últimas décadas, a fotografia tornou-se um instrumento democrático, de acesso a todos. Qualquer telefone dispõe de uma câmara e todos conseguem tirar fotografias e partilha-las com as suas pessoas naquele instante.
 
 No meu trabalho, a fotografia tem a vantagem incrível de dar “voz” a estas dores sem nome. Dito de forma simplista, sem querer, no nosso bolso, mais concretamente na nossa câmara do telemóvel, reside um convite permanente a pensar. A qualquer instante, algo pode suscitar uma fotografia que responde à pergunta que nos acompanha e permite-nos dar voz ao que sentimos e não conseguíamos definir.
Posto isto, para comemorar o lançamento do meu novo site, e em nome de construir uma Galeria Inimigos Imaginários Online, decidi convidar-vos a participar nele. 
 
O meu desejo é o de criar uma galeria onde a exposição permanente, sempre em construção, como nós. Não falo de fotografias em destinos paradisíacos ou modelitos caros; de fotografias profissionais ou com técnicas muito elaboradas. Falo de fotografias que podem ter tudo isso ou nada disso, que sejam bonitas porque nos reflectem, têm significado para nós e nos revelam a nós mesmos. Revelam-nos a nós partes de nós, muito mais do que nos revelam aos outros.
 
A Galeria Inimigos Imaginários surge com três propósitos, que se transformaram em quatro, e exponho com toda a clareza:
 
– Comemorar este momento que para mim foi uma conquista de ter feito crescer o meu site;
 
– Mostrar o que pode ser uma consulta de Psicologia ou um grupo terapêutico, revelando como funciona uma das metodologias que podem ser usadas;
 
– Criar um espaço, sem a minha análise porque não seria ético fazê-lo nestes moldes, para o ajudar a ter uma nova perspectiva do que faz e de como representa o seu trabalho ou projecto;
 
– E um último ponto, extra, que me ocorreu enquanto já decorria este desafio: criar networking. Esta galeria que funciona de forma completamente gratuita, dá-vos acesso a outras pessoas, a outros projectos com quem possa ser interessante conversar.
 
É um prazer tê-lo/a aqui!
 
Seja bem-vindo/a à Galeria! 
 
 

Visite as Exposições!

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