operação biquini 2019

Não, não escrevo este post para apontar o dedo a quem só pensou na “Operação Biquini 2019” em Maio ou, mais concretamente, quando sentiu 36 graus esta semana.

A Operação Biquini 2019 que vos proponho é a longo prazo e não se limita ao próximo Verão ou – dado que o São Pedro anda mais instável – a todos os dias do ano repletos de calor e chinelo de enfiar no dedo que se encontram mesmo ai à porta. Proponho-vos pensar a alimentação e a ligação da alimentação à saúde não só física como mental.

Durante muito tempo pensou-se nas emoções como uma pequena aureola luminosa e cintilante que pairava sobre a cabeça dos humanos. Hoje em dia, felizmente, percebemo-nos como algo inteiro, funcionando o biológico e o psicológico de mãos dadas. Por esse motivo, este meu desafio de propor uma “Operação Biquini 2019” começa pelo básico:

Como é a sua alimentação?
Dorme o suficiente?
Bebe água?
Faz algum desporto?

Muitas doenças graves podem ser prevenidas por estes cuidados de que todos ouvimos falar e que nem sempre colocamos em prática.

Nos dias de hoje, parece-me que falar em distúrbios alimentares não é uma surpresa para ninguém, sendo que me parece que assumem novas formas a que devemos estar atentos.

O corpo é a primeira imagem de nós mesmos e reflecte as diversas dimensões da nossa vida interior, nomeadamente o modo como nos relacionamos com a alimentação.

Se olharmos para os nossos pequenitos, a alimentação inicialmente é sinónimo de vida. Quando o bebé mama ou a mãe dá o biberão, quando introduz os alimentos sólidos, o bebé cresce saudável e pode descobrir-se a si mesmo, aos poucos, diferente da sua mãe – também conhecida como criatura que aparece quando grita de determinada forma específica.

Não vos serão estranhas também, as situações de crianças que um dia começam a fazer birra mesmo à hora do almoço e do jantar de forma regular. Parecerá coisa pouca, mas por vezes instalam-se dolorosas situações persistentes no tempo de crianças que dentro de si sabem que mais vale ter os pais a ralhar do que sem lhes prestarem atenção – quanto mais alto ralharem, mais alto se farão ouvir, mais atenção têm sobre si mesmos.

Muitas crianças e, por vezes muitos adolescentes também, não comem determinados alimentos ou grande parte dos alimentos. Não comem justamente aqueles alimentos que lhes permitiram crescer saudáveis, mas comem tudo aquilo que os pais gostariam que eles evitassem. Comer está na base do desenvolvimento saudável, por que motivo parece que não querem crescer?

A relação da alimentação e da saúde mental vão muito além destas situações com os nossos filhos. Tomando diversas formas, especialmente neste momento em que a alimentação é trendy, a “Operação Biquini 2019W, um bem estar que vos proponho a longo prazo, vai muito além deste Verão, como vos prometi.

Os problemas relacionados com a alimentação são muito diversos e para cada pessoa assumem um significado ou valor específico. O problema de que vos escrevo hoje é o excesso de peso.

Se o corpo reflecte a nossa vida mental, o que poderão significar para cada pessoa os quilos extra?

Cada pessoa é uma combinação única de recursos emocionais e cognitivos, mas todas as pessoas, umas mais outras menos, umas de uma forma outras de outra, revelam fragilidades.

Neste blog, em momento algum farei referência a pessoas que eu conheça, por isso, imaginem comigo alguém que tenha um grave quadro de ansiedade face aos outros. Estar com pessoas, de um modo geral, é de um sofrimento incrível. Imaginem que estamos a falar de uma pessoa com imensos recursos cognitivos e muitos recursos emocionais também, mas estar perante os outros, é de grande sofrimento pois não é possível controlar o que estarão a pensar sobre si. Num cenário destes, claro que imaginar o que os outros estarão a pensar sobre si só poderá significar pensar mal.

Imaginem esta pessoa numa discussão sobre um assunto de que é especialista, mas ela não participa. Está focada naquilo que poderão estar a pensar. Com facilidade, este sofrimento passa a ser transversal a grande parte das áreas da vida da pessoa em questão: afinal, as pessoas estão por todo o lado. Depara-se constantemente com situações em que racionalmente até sabe o que deveria fazer, mas sente-se bloqueada, esmagada, e por isso fica em silêncio. Mas não queria. Queria falar e estar com os outros sem nada disto. O medo, a culpa, a vergonha apropriam-se de si. Duas partes suas opõem-se de forma muito intensa, e não sendo possível pensar uma solução, o corpo pára e resolve o seu problema como pode, surge o sintoma e deixa-se engordar.

Nunca vos aconteceu conhecerem pessoas que conseguem vender a pedra em que tropeçam, como a melhor pedra para tropeçar que este planeta já viu? Aqui, neste exemplo específico, deparamos-nos justamente com o oposto: por melhores que sejam os seus recursos, por maior que seja o seu valor pessoal, esta pessoa não o vê e nunca lhe parece suficiente.

Volto lá mais acima neste texto: o corpo reflecte a nossa vida interior, como as raízes de uma árvore se reflectem na sua copa. Não há duas pessoas iguais e o valor de cada situação é único para cada uma delas. Não há respostas mágicas para as fragilidades das pessoas, mas há soluções que se podem criar em conjunto, podendo-se pensar o mal estar interior está na origem dos nossos problemas.

A “Operação Biquini 2019” que vos proponho é um investimento no vosso bem estar durante todo o ano todo.

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